Sábado minha amiga e eu fomos ao teatro Frei Caneca ver o Rafinha Bastos e uma dessas comédias "stand up", que parece se reproduzir por todos os cantos da cidade e canais de televisão.
Para prolongar uma noite gostosa, resolvemos ir comer alguma coisa pelos Jardins. As opções, em plena madrugada, eram a sempre boa Pasta & Vino, a muvucada e sem-mesas-vazias Galeria dos Pães e o Paris 6.
Já fui muito fã do Paris 6. Logo quando abriu, era hábito ir uma ou duas por semana, já que tinha bons pratos preços tolerantes, ambiente agradável e um atendimento atencioso.
Mas isso não durou muito tempo. Logo depois do Sr. Isaac Azar fechar as portas do seu outro restaurante, o Azaït, que já teve a ótima Renata Braune como chef, parece que começou a errar a mão no Paris 6.
O ambiente começou a ficar, digamos, estranho com tantos posters de cafés "a la Fran's" pelo corredor lateral. O cardápio mudava constantemente, e por alguns meses não existia uma carta de cafés. Para pedir algo para beber, era preciso pedir a presença da barista que ditava as opções disponíveis.
Os pratos pareciam acompanhar o cardápio e a cada vez que pediamos algo, o mesmo prato vinha com uma forma diferente. Faltava harmonia na apresentação.
E os preços começaram a subir astronomicamente, não acompanhando a qualidade dos pratos.
Um exemplo era o Croûte Fromage (não seria mais correto "croûte au fromage"?), minha entrada predileta. Antes servia 2 pessoas com preço de R$ 28. Hoje, o prato foi reduzido pela metade, serve apenas 1 pessoa e tem um novo preço de R$ 33. Alguém me explica a matemática da coisa?
Bom, fiquei alguns bons meses longe dele. Até que a vontade de comer o Croûte Fromage bateu mais forte. Fomos bem atendidos pela hostess que nos colocou numa mesa no corredor (a nosso pedido). Coincidentemente um casal de amigos sentava na mesa ao lado, que fez o resto da noite ser menos desagradável.
Sentamos e esperamos o cardápio. O garçom, muito mal humorado, parecia não nos enxergar. Muito tempo depois e pedindo ao gerente, o cardápio chegou até nós.
Como o cardápio é extenso demais e não estava localizando o Croûte Fromage, que cada hora fica num lugar, perguntei ao garçom sobre o prato. De muita má vontade, ele apontou com o dedo e saiu andando.
A arrogância me fez perder a fome e a vontade de comer. Pulamos logo para o café. Para pedir, mais um drama e uma longa espera.
Pedimos dois Capuccinos de Nutella e dois macarons de pistache, que, segundo o menu, era "Macarrons (sic). Homenagem (??) à La Durée (sic)".
Ladurée (tudo junto!!!!) é o sobrenome do fundador da Maison Ladurée, inventora dos macarons modernos, Louis Ernest Ladurée. Já falei muito de lá nesse blog. E macarons se escreve com um R só. Parecem que homenagearam sem nunca terem ido, experimentado ou conhecido sua história!
Foram 14 minutos de espera para os capuccinos e 19 para os macarons chegarem. Morno e murchos/velhos, respectivamente. Só assim, La Durée ("a duração", em francês) parece fazer sentido.
Os 2 macarons que pedimos, um era do tamanho de uma moeda de 1 real e o outro era um pouco maior, porém fino, que, num prato gigantesco, ficaram desproporcionais lado a lado. Sem guardanapos, nem nada.
O mau humor e a má vontade do garçom eram tão nítidos que nosso fim de noite tornou-se muito desagradável.
Para pedir a conta, mais 15 minutos de espera. E nada. Tivemos que ir ao caixa, onde estava o gerente, que repassou a ordem ao garçon mal humorado, para fechar nossa mesa. Mais alguns longos minutos e a conta:
R$ 8,00 por cada capuccino morno à frio (x2) = R$ 16,00
R$ 2,00 por cada macaron murcho e velho (x2) = R$ 4,00
+ 10% de taxa de serviço mal humorado = R$ 2,00
Pedi o PO do meu cartão e pedi para debitar R$ 20, sem os R$ 2 da taxa de serviço.
O garçom parecia que ia pular no meu pesçoco. Entrou e, em menos de 20 seguntos, o gerente chegou à nossa mesa, perguntando se fomos mal atendidos.
Explanei todos meus motivos, ele retrucou dizendo que lá não era mais um bistro e sim um restaurante (como se justificasse algo) e, em tom irônico, disse que ainda tinham muito que evoluir e aprender.
Pois bem, sr. Gerente: Acolhida, educação e hospitalidade, pilares de qualquer bistro ou restaurante ("parisiense" ou não), não se evoluem. Ou tem, ou não tem.
E ao que parece, preferem colocar mais arandelas no corredor (já são 17 - eu contei enquanto esperava o cardápio) do que melhorar a hospitalidade e qualidade do que é servido.
Comentários
O gerente, no entanto é um otário. Esse ano aproveitei pra dar o tradicional Pindura dos Alunos da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Valeu a pena para ver o sangue nos olhos do gerente mal humorado, arrogante e autoritário :)